É bom acordar, tomar o pequeno-almoço e ler algo bonito.
Como a "Croniquinha" de António Lobo Antunes na Visão desta semana. Seguida pelo namoro com "Viagens no Scriptorium" (Paul Auster).
Deixo aqui duas passagem que me marcaram na crónica de LA, pensando em como diferentes passagens marcam diferentes pessoas e em como num grupo de pessoas que leiam o mesmo texto, quase que aposto que nenhuma escolheria a mesma.
"Não abandono os sítios de que me fui embora, coloquei a alma, escondida, sob cada objecto. Continuo em Veneza com sete anos, em Berlim com quarenta, não saí do lado do Jardim Zoológico, onde passeava, com o meu avô, num barco com pedais."
(...)
"O sorriso raro do meu pai, as duas empregadas da minha avó a beijarem-se. Vidas pequeninas que eu não compreendia. A profunda solidão das pessoas. O meu espanto diante das criaturas amargas. Entendo a tristeza, entendo o desejo de suicídio, não entendo a amargura, o azedume, a avidez. Nem a antipatia, nem a inveja, nem a vaidade."