sábado, 6 de agosto de 2011

Graham Greene

  

    Acabei de ler O Meu Amigo General, no original Getting To Know The General, de 1984. É um livro não-ficcional, uma espécie de "memoir" das suas viagens ao Panamá e arredores, e da sua relação com o General Omar Torrijos e com Chuchu (ler livro para saber quem é, vale a pena).
     Como sempre, e apesar de não ser uma obra de ficção, Greene dá-nos o enorme privilégio de poder ver o mundo através dos seus olhos, do seu sentido de humor, da sua perspectiva, que é tão rica e profunda. Sem grandes alaridos, sem longas descrições, as imagens e sensações estão todas lá, e mesmo sendo uma escrita que parece corrida e fluindo à velocidade do pensamento, não escapam aqui e ali os momentos de uma despretensiosa e simples poesia ou os momentos que nos fazem soltar uma gargalha ou comover.
     Gosto da maneira como Greene observa o ser humano.  E adoro a época histórica em que viveu e na qual se moveu de uma maneira extraordinária (ou não tivesse trabalhado para o MI6 em dade altura), e é dela, por todas estas características de que falei, um maravilhoso testemunho.
     Engraçado que conheci Greene com Travels With My Aunt (1969) seguido do livro de contos May We Borrow Your Husband (1967), tendo tido o contacto apenas com o sentido de humor  muito especial e certeiro que o caracteriza, mas que nem sempre está presente. Pelas estantes das livrarias e feiras de livros encontrei os seus romances mais conhecidos (dos quais fizeram filmes, claro..) como Our Man in Havana (1958), The Comedians (1966) e The Quiet American (1955) e todos devorei com igual entusiasmo.
    Parece então que faço um caminho contrário e agora é altura de recuar a 1940, e ler o livro que o consagrou e que muita polémica gerou. Um dos que o marcou como escritor católico. Imaginem a minha surpresa ao ler a entrevista da Paris Review, quando quase só falam sobre a vertente católica na sua escrita e eu à espera de perguntas sobre o seu humor e as suas viagens!
    Enfim, voltando a 1940, The Power and the Glory está a caminho da minha caixa de correio (analógica) e tenho a autobiografia Uma Espécie de Vida a olhar para mim da estante como quem diz "E agora, já me vais pegar?" Tenho a certeza que os lerei com todo o gosto e continuarei a admirar, quem sabe,  talvez ainda mais, este singular escritor que é Graham Greene.


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