Acho que o melhor e mais sincero elogio que posso fazer a este livro é contar que às 10 páginas lidas, passei por uma livraria e sem pensar duas vezes, comprei mais um livro de Paul Auster, para não ter pena quando este acabar. E mesmo assim tive pena.
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
sábado, 24 de setembro de 2011
Canções Para Um Sábado
Joanna Newsom - Have One On Me
Iron & Wine - Kiss Each Other Clean
The Tallest Man On Earth - The Wild Hunt
Peter Gabriel - Scratch My Back
terça-feira, 20 de setembro de 2011
Palavras e Música
Quando uma letra linda encontra uma melodia maravilhosa não há muito que se possa dizer.
Penso na sorte do Chico Buarque e do Edu Lobo em poderem ter momentos de uma inspiração desta magnitude.
E na nossa sorte, de podermos testemunhar, mesmo que distantes, os seus frutos.
Choro Bandido
Mesmo que os cantores sejam falsos como eu
Serão bonitas, não importa
São bonitas as canções
Mesmo miseráveis os poetas
Os seus versos serão bons
Mesmo porque as notas eram surdas
Quando um deus sonso e ladrão
Fez das tripas a primeira lira
Que animou todos os sons
E daí nasceram as baladas
E os arroubos de bandidos como eu
Cantando assim:
Você nasceu para mim
Você nasceu para mim
São bonitas as canções
Mesmo miseráveis os poetas
Os seus versos serão bons
Mesmo porque as notas eram surdas
Quando um deus sonso e ladrão
Fez das tripas a primeira lira
Que animou todos os sons
E daí nasceram as baladas
E os arroubos de bandidos como eu
Cantando assim:
Você nasceu para mim
Você nasceu para mim
Mesmo que você feche os ouvidos
E as janelas do vestido
Minha musa vai cair em tentação
Mesmo porque estou falando grego
Com sua imaginação
Mesmo que você fuja de mim
Por labirintos e alçapões
Saiba que os poetas como os cegos
Podem ver na escuridão
E eis que, menos sábios do que antes
Os seus lábios ofegantes
Hão de se entregar assim:
Me leve até o fim
Me leve até o fim
E as janelas do vestido
Minha musa vai cair em tentação
Mesmo porque estou falando grego
Com sua imaginação
Mesmo que você fuja de mim
Por labirintos e alçapões
Saiba que os poetas como os cegos
Podem ver na escuridão
E eis que, menos sábios do que antes
Os seus lábios ofegantes
Hão de se entregar assim:
Me leve até o fim
Me leve até o fim
Mesmo que os romances sejam falsos como o nosso
São bonitas, não importa
São bonitas as canções
Mesmo sendo errados os amantes
Seus amores serão bons.
São bonitas, não importa
São bonitas as canções
Mesmo sendo errados os amantes
Seus amores serão bons.
sábado, 17 de setembro de 2011
Sábado de manhã e boas leituras.
É bom acordar, tomar o pequeno-almoço e ler algo bonito.
Como a "Croniquinha" de António Lobo Antunes na Visão desta semana. Seguida pelo namoro com "Viagens no Scriptorium" (Paul Auster).
Deixo aqui duas passagem que me marcaram na crónica de LA, pensando em como diferentes passagens marcam diferentes pessoas e em como num grupo de pessoas que leiam o mesmo texto, quase que aposto que nenhuma escolheria a mesma.
"Não abandono os sítios de que me fui embora, coloquei a alma, escondida, sob cada objecto. Continuo em Veneza com sete anos, em Berlim com quarenta, não saí do lado do Jardim Zoológico, onde passeava, com o meu avô, num barco com pedais."
(...)
"O sorriso raro do meu pai, as duas empregadas da minha avó a beijarem-se. Vidas pequeninas que eu não compreendia. A profunda solidão das pessoas. O meu espanto diante das criaturas amargas. Entendo a tristeza, entendo o desejo de suicídio, não entendo a amargura, o azedume, a avidez. Nem a antipatia, nem a inveja, nem a vaidade."
Como a "Croniquinha" de António Lobo Antunes na Visão desta semana. Seguida pelo namoro com "Viagens no Scriptorium" (Paul Auster).
Deixo aqui duas passagem que me marcaram na crónica de LA, pensando em como diferentes passagens marcam diferentes pessoas e em como num grupo de pessoas que leiam o mesmo texto, quase que aposto que nenhuma escolheria a mesma.
"Não abandono os sítios de que me fui embora, coloquei a alma, escondida, sob cada objecto. Continuo em Veneza com sete anos, em Berlim com quarenta, não saí do lado do Jardim Zoológico, onde passeava, com o meu avô, num barco com pedais."
(...)
"O sorriso raro do meu pai, as duas empregadas da minha avó a beijarem-se. Vidas pequeninas que eu não compreendia. A profunda solidão das pessoas. O meu espanto diante das criaturas amargas. Entendo a tristeza, entendo o desejo de suicídio, não entendo a amargura, o azedume, a avidez. Nem a antipatia, nem a inveja, nem a vaidade."
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
Rendida a Michael Cunningham
Em 2002, um amigo convidou-me para a ante-estreia de As Horas, filme maravilhoso. E ele disse: "Tens de ler o livro, tens de ler o livro". Comprei o livro, mas pelas razões abaixo indicadas, só agora o li, passados quase 10 anos! E gostei. Muito. A maneira de escrever, de contar as histórias, o retrato das mulheres, a subtileza, as bonitas frases. Enfim, vou continuar interessada em tudo o que ele escreveu. Se alguém que leia este post tiver sugestões, não faça cerimónia.
Mais informação sobre o autor, aqui.
Mais informação sobre o autor, aqui.
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
Livros e Filmes II
Há um problema em ver filmes bons antes de ler os bons livros nos quais se inspiram.
Por exemplo, As Horas de Stephen Daldry, A Casa dos Espíritos de Bille August, O Leitor também de Stephen Daldry, são exemplos de filmes que me marcaram e que dificultam a leitura dos livros de Michael Cunningham, Isabel Allende e de Bernard Schlink. O que é indecente.
Ensombram a leitura. E a culpa é da fotografia, das paisagens e pior que tudo, do estupendo trabalho dos actores.
Ao ler, temos a maravilhosa e única oportunidade de sermos nós os realizadores, os directores de fotografia, os compositores da banda sonora. Tendo o filme muito presente, é-nos impingido sem querermos a Glenn Close para o papel de Férula Trueba, Meryl Streep para o de Clarissa e o de Kate Winslet para Hanna Schmitz, e, no caso de A Casa Dos Espíritos, o Alentejo e Lisboa na repérage.
E eu não quero!!! Quero escolher os MEUS actores, cria-los a partir da leitura, imaginar as MINHAS paisagens e tudo a que tenho direito, sem ser influenciada pelo filme.
Enfim, é uma luta quase inglória, mas cá tenho os livros que inspiraram filmes que vi e estou à espera pacientemente de esquecer o suficiente uns para ler os outros.
Senti que já estava preparada para ler As Horas, e estava. E ainda bem que me arrisquei. No entanto lutei, lutei e lutei para não ver a Meryl Streep na Clarissa nem a Julianne Moore em Laura... até que desisti. Paciência. Pelos vistos, actrizes como estas não estão mesmo destinadas ao esquecimento.
É indecente.
Por exemplo, As Horas de Stephen Daldry, A Casa dos Espíritos de Bille August, O Leitor também de Stephen Daldry, são exemplos de filmes que me marcaram e que dificultam a leitura dos livros de Michael Cunningham, Isabel Allende e de Bernard Schlink. O que é indecente.
Ensombram a leitura. E a culpa é da fotografia, das paisagens e pior que tudo, do estupendo trabalho dos actores.
Ao ler, temos a maravilhosa e única oportunidade de sermos nós os realizadores, os directores de fotografia, os compositores da banda sonora. Tendo o filme muito presente, é-nos impingido sem querermos a Glenn Close para o papel de Férula Trueba, Meryl Streep para o de Clarissa e o de Kate Winslet para Hanna Schmitz, e, no caso de A Casa Dos Espíritos, o Alentejo e Lisboa na repérage.
E eu não quero!!! Quero escolher os MEUS actores, cria-los a partir da leitura, imaginar as MINHAS paisagens e tudo a que tenho direito, sem ser influenciada pelo filme.
Enfim, é uma luta quase inglória, mas cá tenho os livros que inspiraram filmes que vi e estou à espera pacientemente de esquecer o suficiente uns para ler os outros.
Senti que já estava preparada para ler As Horas, e estava. E ainda bem que me arrisquei. No entanto lutei, lutei e lutei para não ver a Meryl Streep na Clarissa nem a Julianne Moore em Laura... até que desisti. Paciência. Pelos vistos, actrizes como estas não estão mesmo destinadas ao esquecimento.
É indecente.
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
Para Sempre Na Memória
Hoje, antes de saber das notícias de possibilidade de atentados, estive a fazer uma viagem de volta ao 11 de Setembro de 2001, através das histórias daqueles cujas vidas mudaram para sempre depois desse dia.
Histórias de sobreviventes, de salvadores, de testemunhas, mas não só, e essa é a característica mais interessante deste bonito projecto da Time Magazine: histórias do outro lado da história. De um iraquiano que acordou a meio da noite com a casa a arder, de um argelino preso por engano, de uma americana muçulmana incompreendida.
Mas mais não conto, pois vale mesmo a pena ouvir na primeira pessoa. Aqui.
Deixo a fotografia do bonito "Tribute in Light". E a esperança de que as ameaças não passem disso mesmo.
Peace.
quarta-feira, 7 de setembro de 2011
"No entanto, quando abriu os olhos há minutos, (...) apercebeu-se da sensação abafada e húmida à sua volta, da impressão de não estar em lado algum, e soube que ia ter um dia difícil. Soube que ia ter dificuldade em acreditar em si mesma, nas divisões de sua casa, e quando olhou para este livro novo na mesa de cabeceira, posto em cima do que acabara de ler a noite anterior, estendeu maquinalmente a mão para ele, como se ler fosse a única e óbvia primeira tarefa do dia, a única maneira viável de efectuar a transição do sono para o dever."
As Horas, Michael Cunningham, Gradiva, trad. Fernanda Pinto Rodrigues
As Horas, Michael Cunningham, Gradiva, trad. Fernanda Pinto Rodrigues
terça-feira, 6 de setembro de 2011
Quando O Cinema Era Mudo E Tinha Graça
Graças ao "Onda Curta" que continua a enriquecer os serões de domingo, tive o prazer de ver duas animações lindíssimas e de seguida "The Eastern Westerner" (1920) de Hal Roach, com Harold Lloyd.
Já estava com sono, mas, bolas!, é tão bom ver cinema antigo, viajar para outra época e especificamente para esse lugar tão especial onde a palavra falada não tem som nem lugar e é substituída por emoções que transbordam dos rostos e gestos hiperbólicos que saltam dos corpos. E Harold Lloyd é, sem dúvida, uma estrela. Mas quem me fez realmente ficar sentadinha no sofá a combater estoicamente o sono foi o senhor H.M. Walker, graças a estas maravilhosas tiradas que escreveu para acompanhar o filme:
E mais uma, cuja foto não encontrei:
"Tiger "Lip" Tompkins, owns half the county and bullies the rest.
Leader of the masked angels- men who have broken eight commandments
and twisted the other two."
Depois disto, faz lá falta o som!
Já estava com sono, mas, bolas!, é tão bom ver cinema antigo, viajar para outra época e especificamente para esse lugar tão especial onde a palavra falada não tem som nem lugar e é substituída por emoções que transbordam dos rostos e gestos hiperbólicos que saltam dos corpos. E Harold Lloyd é, sem dúvida, uma estrela. Mas quem me fez realmente ficar sentadinha no sofá a combater estoicamente o sono foi o senhor H.M. Walker, graças a estas maravilhosas tiradas que escreveu para acompanhar o filme:
E mais uma, cuja foto não encontrei:
"Tiger "Lip" Tompkins, owns half the county and bullies the rest.
Leader of the masked angels- men who have broken eight commandments
and twisted the other two."
Depois disto, faz lá falta o som!
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
A Luz Deste Agosto
Cru. Violento. Honesto. Triste. Os preconceitos sociais, o racismo da era pós-esclavagista, a obsessão religiosa, a sexualidade, o amor. Uma muito dura realidade com um fio condutor surpreendentemente bonito e carregado de ingenuidade.
Numa das últimas páginas, na voz de Hightower (poderia ter escolhido outros excertos do livro, mas escolhi este por ter sido dos últimos que me marcou e por conter de uma forma tão especial e resumida o tom de desencantamento que paira pelo livro inteiro):
(...)
Talvez tivessem estado certos ao porem o amor em livros, pensou ele calmamente. Talvez não pudesse subsistir em mais lado nenhum."
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